A expressão ‘sic’ e seu uso na prática médica

Ao revisarmos prontuários, a fim de obter informações do histórico médico do paciente, não é incomum nos depararmos com a expressão “sic”.

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O exame clínico compõe a pedra fundamental da prática médica e quando se trata da realização ou mesmo do aprendizado deste, a execução de uma boa anamnese é fundamental. Ao revisarmos prontuários, a fim de obter informações do histórico médico do paciente, não é incomum nos depararmos com a expressão “sic”.

Muitos explicam tratar-se de uma sigla referente à expressão “segundo informa o consulente” ou “segundo informações colhidas”, o que configura uma inexatidão semântica. O termo “sic” pode remontar à contração de um termo do latim, “sicut”, que significa “assim como é” ou “exatamente dessa forma”. Há ainda o advérbio latim clássico “sic”, que indica que o referido imediatamente antes foi transcrito de forma ou maneira como se apresenta, ou no mesmo grau ou intensidade como foi informado, independente da presença de erros ou impropriedades.

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O “sic”, na prática médica, é geralmente utilizado entre parênteses, colchetes ou aspas ao final de determinada assertiva na anamnese indicado que o que ali se encontra está transcrito como foi dito pelo paciente ou informante, independente da incoerência ou estranheza em relação ao quadro clínico relatado. Por exemplo: paciente do sexo feminino, 23 anos de idade, queixa-se de queimação no pé da barriga (sic). Entretanto, como defendem alguns autores, trata-se de recurso desnecessário, ou mesmo pedante, pois a simples aposição de aspas na afirmativa do paciente já denotaria uma transcrição literal desta.

A origem do termo “sic” remonta ao latim e denota a forma como a informação foi recebida pelo médico. Entretanto, sua necessidade de uso é questionada, uma vez que este termo tem o objetivo de isentar o médico ou o estudante da responsabilidade de interpretação ou de avaliação objetiva e confiável de alguma informação registrada. Desta forma, uma sugestão possível e plausível é que dispensemos o “sic” nos nossos documentos, mantendo-os fiéis e menos “poluídos”.

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Referências:

  1. Bacelar S, Galvão CC, Alves E, Tubino PJG. Expressões médicas: falhas e acertos. Rev. Med. Res., Curitiba. 2014;16(1):61–65.
  2. Bacelar S, Alves E, Aragão-Costa W, Tubino PJG. Questões de linguagem médica. Rev. Col. Bras. Cir. 2009;36(1):96–98.
  3. Maia JA, Palomo LM. “SIC.” Rev Assoc Med Bras. 2012;58(1):8–9.

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