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A apendicite continua sendo uma das doenças mais comuns enfrentadas pelo cirurgião na prática diária. É a cirurgia de emergência mais realizada nos Estados Unidos e é responsável por cerca de 300 mil hospitalizações anualmente. Estima-se que cerca de 6% a 7% da população em geral desenvolverá apendicite durante sua vida, com a incidência atingindo o pico na segunda década de vida.
Um artigo publicado em junho desse ano reacendeu a discussão há tempos conhecida na comunidade médica: apendicectomia ou antibioticoterapia? Os autores de um estudo publicado no Annals of Surgery realizaram uma meta-análise que apontam resultados favorecendo fortemente a apendicectomia.
Este relatório agrega informações valiosas para o debate contínuo sobre antibióticos versus apendicectomia padrão para o tratamento inicial da apendicite. Do ponto de vista de um paciente, o tratamento antibiótico (se evita cirurgia cerca de 75% do tempo) parece ser uma opção atrativa. No entanto, o risco de apendicite é de cerca de 5% a 10%, de modo que o sucesso inicial não impede um novo quadro agudo de apendicite.
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Somente após um ano de acompanhamento dos indivíduos do estudo em questão, os relatórios nesta meta-análise não podem fornecer informações sobre o risco de eventual apendicite nos pacientes tratados com antibióticos.
Além disso, o tratamento antibiótico de um novo episódio de apendicite tem uma taxa de sucesso semelhante ao tratamento antibiótico inicial? E quanto à idade de um paciente no primeiro quadro? A cirurgia deve ser favorecida para pacientes mais jovens, reservando a antibioticoterapia para pacientes mais velhos com menor expectativa de vida? Os antibióticos podem ter um papel a desempenhar no manejo da apendicite, mas ainda existem muitas questões não resolvidas, o que indica que, por enquanto, a cirurgia continuará a ser o tratamento padrão-ouro.
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Referências:
- Harnoss JC, Zelienka I, Probst P, et al. Antibiotics versus surgical therapy for uncomplicated appendicitis: systematic review and meta-analysis of controlled trials (PROSPERO 2015: CRD42015016882). Ann Surg. 2017;265:889-900.
- Sabiston Textbook of Surgery 20th edition