Aspirina reduz o risco de pré-eclâmpsia em mulheres grávidas

Um ensaio clínico mostrou que o tratamento com doses baixas de aspirina em mulheres com alto risco para pré-eclâmpsia resultou em menor incidência desse diagnóstico quando comparado ao placebo.

A pré-eclâmpsia é uma das patologias obstétricas mais graves, sendo uma das principais causas de morbimortalidade materna e fetal. Geralmente manifesta-se na segunda metade da gravidez, complicando 2 a 8% das gestações. O risco de tais complicações é consideravelmente maior quando a doença é grave e de início precoce, levando ao parto prematuro em menos de 37 semanas de gestação.

É definida, segunda a International Society for the Study of Hypertension in Pregnancy (ISSHP), pelo início de hipertensão após 20 semanas de gestação, combinada com proteinúria (> 300 mg/dia) ou outras disfunções de órgão-alvo, como disfunção renal ou hepática, complicações neurológicas ou hematológicas, disfunção uteroplacentária ou restrição de crescimento intrauterino.

Os principais desafios na obstetrícia moderna são a identificação de mulheres com alto risco de pré-eclâmpsia pré-termo no início da gravidez e intervenções para reduzir a prevalência da doença.

A terapêutica com ácido acetilsalicílico (AAS) em baixa dose inibe a produção de tromboxano, reduzindo a vasoconstrição e a hipercoagulabilidade da placenta, justificativa para o uso de agentes antiplaquetários, como o AAS na prevenção da pré-eclâmpsia. Entretanto, ainda existem algumas dúvidas relativas ao uso de AAS neste contexto.

Veja também: ‘Hipertensão na gestação: visão do clínico’

Recentemente, um ensaio clínico randomizado publicado no The New England Journal of Medicine mostrou que o tratamento com doses baixas de aspirina em mulheres com alto risco para pré-eclâmpsia pré-termo resultou em menor incidência desse diagnóstico quando comparado ao placebo.

O estudo foi conduzido no Reino Unido, Espanha, Itália, Bélgica, Grécia e Israel. As pacientes elegíveis foram randomizadas na proporção de 1:1 para receber aspirina, em uma dose de 150 mg ao dia, ou placebo de 11 a 14 semanas até 36 semanas de gestação. O desfecho primário avaliado foi o parto com pré-eclâmpsia antes das 37 semanas de gestação.

Um total de 152 mulheres retiraram o consentimento durante o ensaio e 4 perderam o seguimento, o que resultou em 798 participantes no grupo aspirina e 822 no grupo placebo. Em relação às características das participantes no baseline, não houve diferença significativa entre os grupos avaliados.

A pré-eclâmpsia pré-termo ocorreu em 13 participantes (1,6%) no grupo aspirina, em comparação com 35 (4,3%) no grupo placebo (odds ratio no grupo aspirina: 0,38; intervalo de confiança [IC] de 95%: 0,20 a 0,74; p=0,004). A adesão do tratamento foi alta em 1.294 das 1.620 participantes (79,9%), moderada em 241 (14,9%) e baixa em 85 (5,2%).

Não houve diferença significativa entre os grupos na incidência de desfechos adversos neonatal ou outros eventos adversos.

Conclui-se, portanto, que a administração de aspirina em uma dose de 150 mg ao dia de 11 a 14 semanas de gestação até 36 semanas de gestação resultou em uma incidência significativamente menor de pré-eclâmpsia pré-termo versus placebo.

Quer receber diariamente notícias médicas no seu WhatsApp? Cadastre-se aqui!

Referências:

  • TranquilliAL, Dekker G, Magee L, Roberts J, Sibai BM, SteynW, et al.The classification, diagnosis and management of the hypertensive disorders of pregnancy: a revised statement from the ISSHP. Pregnancy Hypertens. 2014;4(2):97-104
  • Rolnik DL, Wright D, Poon LC, O?Gorman N, Syngelaki A, de Paco Matallana C, et al. Aspirin versus Placebo in Pregnancies at High Risk for Preterm Preeclampsia. N Engl J Med. 2017 Jun 28. doi: 10.1056/NEJMoa1704559. [Epub ahead of print]

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo

Selecione o motivo:
Errado
Incompleto
Desatualizado
Confuso
Outros

Sucesso!

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo.

Você avaliou esse artigo

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Baixe o Whitebook Tenha o melhor suporte
na sua tomada de decisão.