Avaliação neuropsicológica: para que serve? (parte 2)

Para que serve a avaliação neuropsicológica? Para responder a essa pergunta, trago Lezak e seus colaboradores (2004), que propõem seis propósitos principais.

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Como vimos anteriormente, avaliação neuropsicológica é um método para se examinar o encéfalo por meio do estudo de seu produto cognitivo-comportamental. Mas, para que serve a avaliação neuropsicológica? Para responder a essa pergunta, trago Lezak e seus colaboradores (2004), que propõem seis propósitos principais:

1) Diagnóstico:

O avanço das técnicas de neuroimagem e dos exames laboratoriais diminuiu significativamente a necessidade da avaliação neuropsicológica para o diagnóstico da maior parte das lesões e disfunções neurológicas. Porém, esta avaliação ainda é crucial em determinados quadros, tais como as demências, traumatismos crânio-encefálicos menores ou certas encefalopatias, visto que estes não são facilmente detectados nas técnicas usuais. Além disso, mesmo quando exames de neuroimagem detectam a presença de lesões, a avaliação neuropsicológica é fundamental para esclarecer os seus correlatos comportamentais, sendo ainda importante para o estabelecimento do prognóstico dos pacientes em determinados quadros e para a identificação precoce de certos distúrbios que, em seu estágio inicial, não apresentam alterações neurológicas óbvias.

2) Cuidados com o indivíduo:

Em relação aos cuidados com o indivíduo, a avaliação neuropsicológica pode fornecer, aos membros de seu convívio familiar e social, informações importantes relativas às suas capacidades e limitações funcionais. Como capacidade de autocuidado, de seguir o tratamento proposto, reações às suas próprias limitações, adequação de sua avaliação de bens e dinheiro, dentre outras. Conhecer estes aspectos do paciente é fundamental para estruturar o seu ambiente, promovendo alterações se necessário, de forma que ele tenha condições de adaptação e evitando possíveis problemas secundários, como atribuição exagerada de responsabilidade ou de atividades que não estejam ao seu alcance.

3) Identificação de tratamentos necessários:

Além de informações aos cuidadores, a avaliação neuropsicológica pode auxiliar o direcionamento da reabilitação, ao fornecer tanto dados sobre as áreas deficitárias do indivíduo, quanto sobre as habilidades preservadas e seu potencial para a reabilitação.

4) Avaliação dos efeitos de tratamentos:

A avaliação serve, ainda, para verificar as mudanças do indivíduo ao longo das intervenções realizadas, sejam elas cirúrgicas, farmacológicas, psicológicas ou de outra natureza. Identificar tais mudanças, que podem ser positivas ou negativas, ajuda a rever as intervenções, redirecionando-as quando possível.

5) Pesquisa:

Em relação à pesquisa, a avaliação neuropsicológica pode auxiliar a compreensão da atividade encefálica e da sua relação com o comportamento, contribuindo para o estudo de diversos distúrbios.

6) Questões forenses:

Finalmente, em relação às questões forenses, a avaliação neuropsicológica tem sido requisitada em casos sobre perda de funções legais ou danos corporais, sendo útil para auxiliar decisões sobre a presença de possíveis danos neurológicos e cognitivos que estejam relacionados aos comportamentos em questão.

Por fim, existem ainda objetivos específicos de baterias de avaliação neuropsicológica infantil (Golden, 1991):

  • Auxiliar a identificação de lesão cerebral em crianças com sintomas de etiologia incerta;
  • Avaliar a extensão e a natureza de dificuldades em crianças com lesões conhecidas de modo a traçar procedimentos de intervenção;
  • Avaliar os efeitos de estratégias de intervenção ou reabilitação sobre o funcionamento neuropsicológico;
  • Analisar o efeito de diferentes tipos de lesões em diferentes populações;
  • Testar suposições teóricas sobre as relações entre comportamento e sistema nervoso, a fim de confirmar, expandir ou modificar modelos atuais sobre o funcionamento cerebral em crianças.

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Referências:

  • Capovilla, A. G. S. (2007). Contribuições da neuropsicologia cognitiva e da avaliação neuropsicológica à compreensão do funcionamento cognitivo humano. Cadernos de Psicopedagogia (UNISA), 11, 1-24.

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