AVE Pediátrico: Quando suspeitar, como diagnosticar e tratar

Seguindo o post de domingo passado (“AVE pediátrico: O vilão sorrateiro, o diagnóstico ignorado!“), em razão do mês de conscientização do AVE (American Stroke Awareness Month), completamos nossa reportagem sobre o AVE pediátrico com orientações da American Stroke Association de como abordar a suspeita do quadro. Há dois tipos de AVE pediátrico, o perinatal e …

Seguindo o post de domingo passado (“AVE pediátrico: O vilão sorrateiro, o diagnóstico ignorado!“), em razão do mês de conscientização do AVE (American Stroke Awareness Month), completamos nossa reportagem sobre o AVE pediátrico com orientações da American Stroke Association de como abordar a suspeita do quadro.

Há dois tipos de AVE pediátrico, o perinatal e o infantil:

  • AVE perinatal: Ocorre entre 18 semanas de gestação e os primeiros 30 dias de vida (período neonatal). A maioria dos casos é isquêmico, sendo causados por coágulos que embolizam a partir da placenta e ocluem artérias cerebrais;
  • AVE infantil: Ocorre entre 1 mês de vida e 18 anos de idade. Diferente do AVE em adultos, a causa hemorrágica apresenta tanta importância quanto a isquêmica;
  • 60% dos casos ocorre em meninos, e o risco parece maior em afro-americanos, quando comparados a populações de origem caucasiana e asiática nos Estados Unidos.

Diferente do quadro adulto, os principais fatores de risco em crianças não são pressão arterial aumentada, fibrilação atrial e aterosclerose (condições raríssimas nessa população), sendo na verdade: anemia falciforme, doenças cardíacas congênitas, trombofilias, doenças autoimunes, e infecções ou traumas de cabeça e pescoço. Outros fatores de risco, especialmente importantes para o AVE perinatal, são: história materna de infertilidade, pré-eclâmpsia, corioamnite, e ruptura prematura de membranas. Estudo recentemente publicado na revista Neurology, indicou uma possível associação de resfriado e outras infecções brandas com risco temporariamente aumentado de AVE, evidenciando a possível associação de condições inflamatórias com os episódios, o que, no entanto, exige mais estudos, especialmente porque, em metade dos casos de AVE pediátrico, nenhum fator de risco costuma ser identificado.

Aproximadamente 40% dos neonatos não demonstram nenhum sintoma precoce, e assim, pais e cuidadores podem não identificar o problema até meses depois, quando começam a notar fraqueza e menor movimentação de um lado do corpo. Ainda assim, alguns sinais e sintomas em recém-nascidos devem chamar a atenção: espasmos repetitivos da face e membros; pausa respiratória; fadiga extrema; olhar fixo e prolongado para um mesmo lado.

Crianças maiores manifestam sinais mais clássicos e queixas mais objetivas, como: cefaleia intensa, vômitos, tontura, fraqueza de um lado do corpo, fala arrastada ou afasia, episódios convulsivos. Para estas, o acrônimo F-A-S-T, utilizado em adultos, também é válido:

  • Face dropping (Fraqueza facial): A criança está sorrindo normalmente?
  • Arm Weakness (Fraqueza braquial): A criança está movendo os membros? Ela consegue sustentar os braços?
  • Speech Difficulty (Dificuldade na fala): A criança está falando arrastado? Alguma dificuldade em falar e/ou entender o que lhe é falado? Ela consegue repetir sentenças?
  • Time to call emergency (Hora de chamar emergência): Se a criança demonstrar alguma dessas manifestações buscar atendimento imediatamente, mesmo se os sintomas forem transitórios, e registrar a hora do aparecimento dos mesmos.

O tratamento preconizado na intervenção precoce em adultos com AVE isquêmico é a trombólise com rtPA, que, no entanto, apresenta resultados controversos em crianças, dada a diferença fisiopatológica da doença, necessitando de mais estudos de segurança e eficácia para o uso nesta população.

O tratamento do AVE na criança, portanto, tende a ser específico para a etiologia do quadro, envolvendo o suporte clínico no quadro agudo e o uso de antiagregantes plaquetários, especialmente o AAS, e anticoagulantes em vigência de trombofilias. A anemia falciforme, importante fator de risco, quando presente, deve ser igualmente tratada, apresentando impacto prognóstico e diminuindo o risco de recorrência do quadro.

O risco de recorrência também é superior ao do adulto, sendo de cerca de 15-18%, o que reforça ainda mais a importância de uma estratégia preventiva, que, na maioria dos casos, se resume ao controle da patologia de base e anticoagulação com varfarina.

Um ponto crucial no tratamento destas crianças é o início precoce de fisioterapia motora, terapia ocupacional e acompanhamento fonoaudiológico, sendo a estratégia de maior impacto na recuperação neurológica e na qualidade de vida da criança. Quanto mais precoce seu início, melhores os resultados.

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