CDI, IPCA, Selic, Ibovespa: quais são e o que significam os principais indexadores do mercado?

Tempo de leitura: [rt_reading_time] minutos. Muitos dos que leram meus artigos anteriores sugeriram um tópico mais aprofundado sobre o significado das principais taxas e índices do mercado, como CDI, IPCA, Selic e Ibovespa. Acredito que não financistas como nós, médicos, não precisamos entender a fundo cada um desses indexadores, mas compreender o mínimo sobre eles …

Tempo de leitura: [rt_reading_time] minutos.

Muitos dos que leram meus artigos anteriores sugeriram um tópico mais aprofundado sobre o significado das principais taxas e índices do mercado, como CDI, IPCA, Selic e Ibovespa. Acredito que não financistas como nós, médicos, não precisamos entender a fundo cada um desses indexadores, mas compreender o mínimo sobre eles pode ser uma informação diferencial na hora de tomarmos a melhor conduta no que tange aos nossos investimentos, e discutirmos de forma mais “de igual para igual” com assessores de investimentos, planejadores financeiros ou gerentes de banco.

CDI (Certificado de Depósito Interbancário):

É calculada pela CETIP, empresa provedora de infraestrutura para o mercado financeiro, especialmente no que tange a serviços de renda fixa. A título de curiosidade, no ano passado esta empresa se fundiu com a BM&FBOVESPA, formando a B3 – Bolsa, Brasil e Balcão.

O CDI, criado para rastrear operações de curtíssimo prazo entre os bancos, é calculado com base na média diária de depósitos interfinanceiros. Nada mais é que a taxa diária de empréstimo que os bancos cobram entre si.

Investimentos que usam a taxa CDI: de renda fixa em geral como CDBs (certificado de depósito bancário), LCAs (letras de crédito agrícola), LCIs (letras de crédito imobiliário) ou LCs (letras de câmbio), que geralmente remuneram percentualmente ao CDI. Por exemplo: CDB do banco ABC que paga 120% do CDI ao ano até o vencimento em 4 anos. Geralmente, quanto mais longo o prazo do investimento, maior o percentual do CDI. Aplicações que são isentas de imposto de renda como LCI ou LCA costumam remunerar em um percentual menor do CDI, visto a ausência do IR.

Cabe salientar que aplicações isentas de imposto de renda não necessariamente rendem mais do que as não isentas, e um comparativo de rentabilidade de ser sempre realizado com bastante calma, não esquecendo de levar em conta os prazos dos investimentos que estão sendo comparados no que tange a tributação e objetivos para com a aplicação.

Como saber quanto está o CDI? O valor da taxa, assim como mais informações sobre a sua metodologia de cálculo, estão disponíveis no próprio site da CETIP: https://www.cetip.com.br/.

Taxa Selic (Sistema Especial de Liquidação e Custódia):

Definida pelo Comitê de Política Monetária (COPOM), é a taxa calculada com base na média diária dos financiamentos de um dia com lastro em títulos públicos, ou seja: quanto o governo paga para quem empresta dinheiro para ele. Justamente por isso, é a taxa base da economia, conhecida também como taxa livre de risco, já que é a base para a remuneração dos títulos públicos, considerados pelo mercado como “soberanos”, visto que sua rentabilidade é garantida pelo governo e, portanto, a ausência de pagamento desses títulos seria considerada calote na dívida pública.

Investimentos que usam a Selic: o tesouro Selic, título que pode servir para uma boa reserva de emergência ou para investimentos que necessitem de alta liquidez, e a poupança, que nas regras atuais tem a sua remuneração atrelada a Selic.

Sendo um pouco mais específico, existe somente uma Selic? Ao falar em Selic, podemos estar nos referindo a três coisas:

  1. Sistema Especial de Liquidação e Custódia: o Selic é um sistema criado em 1979 destinado ao registro, custódia e liquidação dos títulos públicos.
  2. Selic meta: é a meta da taxa estipulada pelo COPOM pela qual os títulos públicos dos bancos serão negociados. É também a principal taxa de juros da economia.
  3. Selic over: é a média ponderada de todas as operações lastreadas em títulos públicos em 1 dia.

Portanto, apesar de um pouco complicado, o objetivo é que você saiba que Selic não é uma coisa só: pode ser o sistema de liquidação propriamente dito, a meta da taxa ou a média diária da sua negociação em títulos públicos.

A rentabilidade da poupança e a taxa Selic: pela legislação atual, a rentabilidade da poupança é composta de duas parcelas:

1) A remuneração básica, pela Taxa Referencial (TR – Criada no governo Collor, atualmente é utilizada mais para remuneração adicional de certos investimentos como, além da poupança, o FGTS, títulos de capitalização e correção de financiamentos imobiliários);
2) Remuneração adicional, correspondente a 0,5% ao mês, enquanto a Selic meta for superior a 8,5%, ou 70% da Selic, quando a meta for igual ou inferior a 8,5%.

Esta diferença em remuneração de acordo com a taxa Selic foi criada para que o valor da rentabilidade da poupança não se torne, em algum momento, superior ao da remuneração da Selic.

Como saber quanto está a taxa Selic: O site do Banco Central (http://www.bcb.gov.br/) mostra logo na página principal tanto a taxa Selic atual quanto a meta do governo para a Selic. No site, também há informações sobre a rentabilidade da caderneta de poupança.

A taxa Selic e o CDI são sempre muito semelhantes? Sim! Como a Selic é a taxa livre de risco, não interessaria aos bancos emprestarem valores entre si a custos muito inferiores ou muito superiores aos da própria Selic.

IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo):

Indicador oficial da inflação no Brasil, sendo calculado mensalmente pelo IBGE. Foi criado com o objetivo de oferecer a variação dos preços no comércio para o consumidor, e sua elevação tem influência direta na perda do poder de compra deste.

Investimentos que usam o IPCA: alguns títulos do tesouro e títulos de renda fixa, como alguns CDBs que rendem o IPCA acrescido de algum percentual.

Considerar a inflação é importante para todos os seus investimentos: devemos levar em conta a inflação do período para calcularmos o juro real do investimento, ou seja, o rendimento descontado da inflação, ou o quanto seu investimento cresceu além da inflação e, de fato, lhe acrescentou em ganho de capital/poder de compra.

Vamos a um exemplo prático: O investimento A rendeu 8% em um ano para uma inflação de 2,5% no período. Já o investimento B rendeu 15% a uma inflação de 9,3%. Qual dos dois apresentou maior juro real?

Ao contrário do que muitos pensam, o cálculo do juro real não é uma subtração, mas sim uma divisão, sendo a fórmula (que você encontra pronta na internet em qualquer planilha, mas aqui vamos exercitar): (1 + juros nominais) / (1 + inflação) – 1. Sendo que os juros nominais (o juro “bruto”, o apresentado como rentabilidade) e a inflação não devem ser apresentados em porcentagem.

Vamos ao cálculo do investimento A:

(1 + 0,08) / (1 + 0,025) – 1 = 0.053 = 5,3% de juro real;

Cálculo do investimento B:

(1 + 0,15) / (1 + 0,093) – 1 = 0,052 = 5,22% de juro real;

Portanto, podemos concluir que, apesar do investimento B apresentar uma taxa nominal muito mais atraente, em virtude da inflação do período o investimento A apresentou um maior juro real e, portanto, acrescentou em ganho de capital ao investidor mais do que o investimento B.

Como saber quanto está o IPCA e qual é a sua meta: também encontramos essas informações no site do Banco Central: http://www.bcb.gov.br.

Índice bovespa (Ibovespa):

Não é uma taxa, mas sim o resultado de uma carteira teórica de ativos, indicando o desempenho médio das cotações dos ativos de maior negociabilidade e representatividade do mercado de ações brasileiro.

É composto exclusivamente de ações negociadas pela BM&FBOVESPA que atendem a determinados critérios de seleção, sendo, dentre outros, as ações que possuem o maior volume de movimentação de compra e venda na bolsa. É considerado, portanto, um indicador da performance do mercado de ações brasileiro, usado como comparativo de desempenho para quem investe em ações, seja investidor individual ou administradores de grandes fundos, os quais têm rentabilidade sempre comparadas com o Ibovespa.

Você encontra cotações em tempo real do Ibovespa em diversos sites de economia e revistas especializadas. Para saber um pouco mais sobre histórico de cotações e empresas listadas em bolsa, além de alguns dos indicadores dessas empresas e outros produtos disponíveis para negociação no mercado, dê uma olhada no site da BM&FBOVESPA: http://www.bmfbovespa.com.br. Não custa conhecer!

De maneira geral, quando desejo avaliar a rentabilidade dos meus investimentos, comparo a minha carteira de renda fixa com o CDI e a minha carteira de ações com o Ibovespa. E, apesar de não ser muito usual, comparo também o desempenho das minhas ações com a taxa Selic, já que, como é considerada a taxa livre de risco, ao optar por um investimento com uma probabilidade de perda de capital potencialmente maior como o mercado de ações, é esperado que em troca de eu estar submetido a este risco eu receba uma rentabilidade maior que a Selic. Caso contrário, reavalio minha estratégia no mercado.

E, por último, quando realizo lucro em minhas operações de renda fixa ou vendo alguma ação da minha carteira, sempre desconto a inflação do juro nominal, calculando, assim, o juro real do investimento.

Espero que este artigo tenha lhe ajudado a se ambientar melhor nos indexadores usados em investimentos de renda fixa e ações, e que assim você não fique tão perdido ou, pelo menos, fique um pouco mais ambientado com esta linguagem, se tornando mais apto para decidir por si próprio quais ativos adquirir ao longo do tempo, a depender do seu perfil de investidor!

Dúvidas ou sugestões de novos artigos? Poste aqui embaixo!

Leia também: ‘Finanças pessoais – por que e como começar?’

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