Chegou a hora de usar os dispositivos mecânicos de massagem cardíaca?

Na parada cardíaca, a massagem cardíaca eficaz e a desfibrilação precoce são os dois principais preditores de retorno à circulação espontânea e sobrevida.

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Durante uma parada cardíaca, a massagem cardíaca (CPR) eficaz e a desfibrilação precoce (nos casos e FV/TV) são os dois principais preditores de retorno à circulação espontânea e sobrevida. A massagem, especificamente, requer uma técnica correta para alcançar seu pleno benefício:

  1. Push hard → 5 a 6 cm de profundidade
  2. Push fast → 100 a 120 incursões por minuto
  3. Permitir recolhimento total do tórax
  4. Superfície rígida (um desafio em alguns tipos de colchão no hospital)
  5. Revezamento entre os membros da equipe de saúde
  6. Mínimas interrupções – a massagem deve ocorrer em mais de 60% do tempo de socorro à parada sem interrupções (fraction time ou chest compression fraction)!

O problema é que no mundo real enfrentamos obstáculos:

  1. Interrupções frequentes
  2. Cansaço da equipe
  3. Rigidez da caixa torácica
  4. Superfície mole, reduzindo a eficácia das compressões

Além disso, há ainda situações nas quais a massagem não consegue ser feita, em especial no transporte do paciente e durante procedimentos invasivos, como angioplastia. Estudos estimam que menos da metade dos atendimentos à PCR extra-hospitalar atendam aos critérios de uma CPR bem feita!!

Por isso, diversas empresas têm desenvolvido equipamentos para fornecer compressões torácicas mecanicamente. Um artigo de revisão recente trouxe um resumo da medicina baseada em evidência neste tópico.

Tecnicamente, há hoje dois tipos de dispositivos mecânicos para CPR: um cinto ou faixa que abraça o tórax do paciente e comprime o tórax a 80 bpm e profundidade de 20% do diâmetro torácica (Load distribution band, Autopulse, Zoll, EUA); e um mecanismo de pistão que coloca uma placa atrás da pessoa e uma máquina faz compressões sobre o esterno a 102 bpm e profundidade de 5,3 cm (Piston device, LUCAS, Physio-Control, Suécia).

O artigo mostrou que para a PCR extra-hospitalar não há evidências que os dispositivos mecânicos sejam superiores à compressão manual, e há preocupação com maior risco de lesão, como fratura de costela e pneumotórax. Por outro lado, os dispositivos podem ser importantes quando é necessário transporte (ex: ambulância ou helicóptero), quando há poucos socorristas ou durante procedimentos, como coronariografia.

Em duas áreas de estudo, os autores destacam que as evidências são poucas e de baixa qualidade, e sugerem mais estudos antes de conclusões definitivas:

  • PCR intra-hospitalar: há apenas 3 estudos com 234 pacientes. Uma pequena meta-análise sugeriu superioridade dos dispositivos mecânicos em relação à compressão manual, mas o principal estudo incluído, publicado em mandarim, não foi randomizado e pode ter havido viés de seleção.
  • Como forma de suporte aos órgãos até sua doação.

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Referências:

  • Kurtis Poole, Keith Couper, Michael A. Smyth. Mechanical CPR: Who? When? How? Critical Care, 2018, Volume 22, Number 1, Page 1.

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