Distúrbios gastrointestinais: uma proposta de abordagem inicial

Queixas de sintomas relacionados à motilidade e função gastrointestinal são comuns, porém a abordagem desses casos nem sempre é simples.

Tempo de leitura: [rt_reading_time] minutos.

Queixas de sintomas relacionados à motilidade e função gastrointestinal são comuns nos ambulatórios e enfermarias. Porém, a abordagem desses casos nem sempre é simples, tendo em vista a natureza inespecífica dos sintomas gastrointestinais, a dificuldade em se chegar a um diagnóstico definitivo em investigações de rotina (como endoscopia e testes radiológicos), além da falta de tratamentos específicos. Foi publicada na Nature Reviews, recentemente, uma revisão que responde algumas de nossas perguntas e traremos os principais pontos que devemos estar atentos em nossa abordagem.

doenças gastrointestinais

Abordagem inicial do paciente com distúrbio gastrointestinal

Como primeiro passo na investigação, é essencial avaliarmos se nosso paciente tem sinais de alarme (tabela 1). Estes sinais poderiam indicar a presença de neoplasia, ulceração ou inflamação do trato digestivo, sendo necessária para realizar endoscopia e / ou imagem dependendo da queixa apresentada.

Tabela 1 – sinais de alarme em paciente com distúrbios gastrointestinais

disturbio gastrointestinal

Após avaliação inicial, caso o paciente não apresente sintomas e sinais sugestivos aspiração ou um distúrbio importante de motilidade, um tratamento empírico é recomendado antes de a investigação adicional ser considerada.

– Para sintomas esofágicos e dispépticos, um curso curto de terapia com inibidor da bomba de prótons (IBP) duas vezes ao dia é recomendado. É importante ressaltar que o IBP não deve ser esquecido para sempre na prescrição, tendo em vista seus efeitos colaterais. Meta-análises mostram que a supressão ácida geralmente melhora os sintomas relacionados ao refluxo gastroesofágico e também pode ser eficaz em dispepsia funcional. Ao mesmo tempo, uma abordagem de teste e tratamento para infecção por Helicobacter pylori é apropriada, embora o efeito sobre os sintomas seja modesto.

– Para sintomas intestinais e colorretais, a primeira linha o tratamento inclui agentes antiespasmódicos, aumento da fibra alimentar ou fibra artificial (por exemplo, preparações de psyllium) e outros medicamentos que regulam a frequência do intestino e consistência (como a loperamida para diarreia). Se a terapia inicial não melhorar os sintomas, então a terapia antidepressiva de baixa dose (como amitriptilina, mirtazapina ou citalopram) se mostrou eficaz em uma gama de sintomas gastrointestinais funcionais, em particular, náusea e dor abdominal. O benefício destes medicamentos parece estar relacionado principalmente à redução da hipersensibilidade visceral. No entanto, alguns antidepressivos também têm efeitos sobre a motilidade. Por exemplo, a mirtazapina acelera trânsito gastrointestinal em estudos animais e tem demonstrado ter benefícios sintomáticos em dispepsia e gastroparesia refratárias em pacientes. Similarmente, a amitriptilina retarda o trânsito colônico e inibe a contratilidade retal em pacientes com incontinência fecal. A terapia não farmacológica também é comprovadamente eficaz. Isso inclui o envolvimento de nutricionistas, fisioterapeutas (tratamento de sintomas relacionados à tensão muscular na parede abdominal, diafragma e assoalho) e terapeutas (apoio pacientes com comorbidade psiquiátrica).

Muitos pacientes na atenção primária respondem bem a abordagem simples e empírica; no entanto, uma minoria relata sintomas persistentes durante o tratamento ou efeitos adversos da terapia. Nestes indivíduos, indica-se a continuidade da investigação focada na história clínica e exame físico do paciente.

O artigo traz alguns dados que precisamos ter em mente antes de continuarmos nossa aborgadem:

  • Os pacientes com etiologia definida tendem a ter sintomas discretos que permanecem estáveis ou progridem ao longo do tempo, por outro lado, aqueles com uma etiologia funcional, muitas vezes se queixam de múltiplos sintomas mutáveis ​​(por exemplo, dispepsia e fibromialgia).
  • 50% dos pacientes que procuram ajuda médica por alterações gastrointestinais funcionais apresentam doença psiquiátrica associada, como ansiedade, depressão ou somatização, comparados com a taxa de 20% vista nos casos de condições ‘orgânicas’, como ulceração péptica ou colite e a taxa de 10% observada na população geral.

Para resumir o que discutimos, traremos um algoritmo de proposta de abordagem (clique para ampliar):

disturbio gastrointestinal

É médico e também quer ser colunista do Portal da PEBMED? Inscreva-se aqui!

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo

Selecione o motivo:
Errado
Incompleto
Desatualizado
Confuso
Outros

Sucesso!

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo.

Você avaliou esse artigo

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Baixe o Whitebook Tenha o melhor suporte
na sua tomada de decisão.

Especialidades