Equação de risco da AHA 2013 deve ser revisada?

Em 2013, a American Heart Association inovou na prevenção e tratamento da dislipidemia ao implementar uma nova equação para estimar o risco cardiovascular.

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Em 2013, a American Heart Association inovou na prevenção e tratamento da dislipidemia ao implementar uma nova equação para estimar o risco cardiovascular e propor que as estatinas sejam indicadas com base no risco cardiovascular e não apenas no valor absoluto do colesterol LDL. Antigamente, se utilizava a primeira versão da equação de Framingham, que media o risco de coronariopatia em 10 anos e classificava os pacientes em baixo, médio ou alto risco. Essa equação está disponível no Whitebook.

Com o passar do tempo, a aterosclerose passou a ser entendida como doença sistêmica, e não fazia sentido medir o risco de lesão apenas nas coronárias. Em 2008, D’Agostino e colaboradores publicaram um artigo sugerindo uma revisão da equação para estimar o risco cardiovascular global. Os dados continuaram a ser derivados da coorte de Framingham, mas agora (por novos cálculos estatísticos) estimam o risco de morte, doença coronariana, doença cerebrovascular, doença arterial periférica e insuficiência cardíaca. Esta equação é hoje a base da classificação de risco da Sociedade Brasileira de Cardiologia.

Contudo, a diretriz de 2013 da AHA não utilizou os dados brutos do artigo de D’Agostini. Na verdade, eles pegaram a mesma metodologia, mas para a calculadora se basearam não só em Framingham, como também em outros estudos de coorte, como ARIC, Cardiovascular Health Study, MESA (Multi-Ethnic Study of Atherosclerosis), entre outros. Só que na vida real, após o lançamento da calculadora (“ASCVD risk”), alguns estudos têm mostrado que ela pode superestimar o risco de doença cardiovascular na população em geral e talvez subestimar em minorias, como os negros afro-americanos.

Em um artigo super recente na Annals of Internal Medicine, os pesquisadores propõem duas formas de melhorar a calibração da equação da AHA/2013, chamada de “PCE: pooled cohort equation”. Na primeira, a inclusão de estudos de coorte recentes, Jackson Heart Study (2012) e MESA (2012), e na segunda, o uso de um método estatístico diferente para construção da fórmula, chamando de “Revised Pooled Cohort Equation”. Como resultado, os autores mostram que o segundo modelo, usando uma técnica estatística alternativa, foi superior na calibração da equação de 2013 da AHA e sugere novos estudos, com outras populações, a fim de comparar as duas equações.

No Brasil, a recomendação é utilizar a calculadora da SBC para estratificação do risco cardiovascular e decisão de iniciar ou não estatina.

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Referências:

  • Yadlowsky S, Hayward RA, Sussman JB, McClelland RL, Min Y, Basu S. Clinical Implications of Revised Pooled Cohort Equations for Estimating Atherosclerotic Cardiovascular Disease Risk. Ann Intern Med. 2018;169:20–29. doi: 10.7326/M17-3011
  • https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26422204
  • Ralph B. D’Agostino, Ramachandran S. Vasan, Michael J. Pencina, Philip A. Wolf, Mark Cobain, Joseph M. Massaro and William B. Kannel. General Cardiovascular Risk Profile for Use in Primary Care. Circulation. 2008;117:743-753, originally published February 11, 2008. https://doi.org/10.1161/CIRCULATIONAHA.107.699579

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