Finanças pessoais: por que e como começar?

Com esta coluna, gostaria de compartilhar a experiência de um médico em início de carreira em busca da independência financeira, visando abrir espaço para diálogo.

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Sendo minha primeira coluna aqui no Portal PEBMED, acredito que vale a pena uma breve apresentação: sou Rodrigo Dias de Meira, médico formado pela Universidade de Passo Fundo – RS, com residência em Clínica Médica pela UNICAMP, atualmente R4 de Nefrologia também pela UNICAMP. Vou escrever neste espaço temas pertinentes à Nefrologia e que possam ser úteis ao médico generalista, mas, principalmente, sobre outra paixão que tenho: finanças pessoais e investimentos em geral, paixão esta que me motivou a cursar uma pós-graduação em finanças, investimentos e banking pela PUC – RS. Com esta coluna, gostaria de compartilhar a experiência de um médico em início de carreira em busca da independência financeira, visando abrir espaço para diálogo nesta área que julgo tão importante e tão negligenciada em nosso currículo.

Por que é importante aprender o mínimo sobre finanças pessoais?

1 – Gostemos ou não, aprovemos ou não, a maior abertura de escolas médicas, o estímulo a chegada de médicos estrangeiros, as condições dos serviços públicos de saúde ainda longe do ideal, dentre outros fatores, aumentarão exponencialmente a relação oferta x demanda de serviços médicos, com probabilidade de diminuição de salários e outros benefícios, fazendo com que o profissional aumente ainda mais sua carga de trabalho para atingir um retorno financeiro que julgue justo para si, além de impulsioná-lo a se diferenciar cada vez mais para encontrar o seu lugar no mercado de trabalho. Por que não diferenciar também a maneira com que você cuida do seu dinheiro?

2 – Nós somos, por essência, profissionais autônomos, dependendo em muito de INSS e previdência privada. Ainda que muitos optem por atrelar a sua carga horária a trabalhos concursados, que garantam uma estabilidade maior e planos de aposentadoria diferenciados, serão eles suficientes para lhe garantir uma aposentadoria em tempo e qualidade digna do seu trabalho? Será que o melhor caminho é entregar sua tranquilidade financeira para o governo e para o seu concurso, ou fazer uma gestão ativa do seu dinheiro?

3 – Este é o ponto que acho mais importante: você trabalha onde gostaria de trabalhar? Se saísse hoje dos seus plantões, estaria tudo bem? Por quanto tempo você gostaria de dar esses plantões e manter sua carga de trabalho atual? Caso não esteja feliz com o quanto trabalha hoje, já sabe o que vai fazer para diminuir sua jornada? O que faria com um pouco de tempo livre a mais? Viajaria? Mais qualidade de vida? Investiria em algum hobby? Mais tempo para a família? Em suma: a Medicina que você faz hoje seria a mesma que você faria se o dinheiro importasse menos?

Espero esta parte inicial tenha servido para lhe desabrochar alguns questionamentos! Certo de que você esteja ciente da necessidade de cuidar do seu patrimônio conquistado com muitas horas de trabalho, gostaria de lhe dar algumas dicas, que serão aprofundadas nos textos seguintes, para alcançar a independência financeira.

Antes de começar: muito da área de educação financeira é questão de opinião, experiência e vivência. É difícil encontrar uma evidência IA comprovada por um grande ensaio clínico randomizado multicêntrico duplo cego sobre qual é a melhor forma de alocar seu dinheiro. Se existisse, não teríamos diferentes corretoras, bancos, estratégias de investimento em ações, renda fixa, imóveis, bitcoin, fundos imobiliários… e nem teríamos tantas opções!

Cabe a você buscar informações sobre os tipos de investimentos que achar interessante para descobrir com qual deles você ficaria confortável em colocar seu dinheiro, pois existem boas oportunidades em todos eles. Assim como no primeiro ano da faculdade, em que seu estudo foi direcionado para anatomia, fisiologia, bioquímica e histologia, com um pouco de base você conseguirá filtrar informações que fazem sentido e que se apliquem ao seu estilo daquelas que no fim só querem te colocar numa roubada (o que não falta na internet é informação de qualidade duvidosa).

Dito isto, seguem minhas opiniões sobre o que seria um “bom tutorial” para começar:

O que é independência financeira?

Mais do que “não ter que trabalhar” ou “ter renda passiva suficiente para pagar uma ou duas vezes seus gastos fixos”, acredito que o termo signifique trabalhar no que você gosta sem se preocupar com o quanto está ganhando por este trabalho.

Para chegar na independência financeira, você deve responder a seguinte pergunta: qual é o meu preço? Quanto preciso ganhar para satisfazer meus desejos, gostos, ambições? O quanto estou disposto a trabalhar para isso?

Lembrando que, uma vez definido este (e outros) objetivos, eles não são imutáveis. Preferências e perspectivas de vida mudam a todo o momento, e assim como seus objetivos profissionais, suas aspirações financeiras devem ser reavaliadas periodicamente. O que não pode é não ter nenhuma.

Melhorando a qualidade dos seus gastos:

Poupar não é exatamente viver abaixo do seu padrão de vida, mas sim maximizar a qualidade em que gasta o seu dinheiro. Por exemplo, será que como médico residente seria melhor eu já dar entrada em uma casa própria ou no carro do ano, assumindo financiamentos caros, engessando meu orçamento, ou viver num apartamento alugado, guardando a renda de um plantão por mês para fazer um curso, viajar, ou guardar para montar o consultório? Um orçamento flexível, especialmente na fase de início de carreira, pode fazer toda a diferença entre ter problemas financeiros ou não.

Devo fazer metas para o meu dinheiro?

Eu costumo fazer o seguinte: com baixos gastos fixos guardo uma porcentagem do meu orçamento para investir uma parte em metas de longo prazo (independência financeira) e outra parte em metas de curto prazo (viagens, congressos, presentes). Qual a porcentagem do orçamento? A maior possível, que não vá te fazer falta e nem deixar de viver, de sair com os amigos! Prefiro deixar de gastar em valores fixos, como prestação de carro, aluguel, serviço doméstico, me permitindo poupar e aproveitar meu dinheiro com experiências.

O uso de metas pode ser estimulante, ainda mais para quem está começando. Além da porcentagem a ser poupada, tem quem goste de estabelecer metas temporais (20 mil de renda passiva aos 55 anos, por exemplo). O importante é admitir a importância de guardar parte do seu dinheiro todo o mês e tornar disso um hábito.

Aonde vou colocar o meu dinheiro?

Como já citado no texto, não existe resposta certa, mas para acharmos a melhor resposta para você, esta pergunta está intimamente relacionada com a anterior.

Se eu estou poupando dinheiro para viajar daqui há 6 meses, eu vou procurar um investimento que me dê o melhor retorno em um prazo de… 6 meses! Assim como irei expor a menor quantidade possível de dinheiro poupado em ativos que possuam elevado risco de mercado (o risco da oscilação do ativo e seu potencial resultado negativo), a menos que eu não me importe em não viajar! Ou seja, o prazo e o objetivo da meta lhe ajudam a escolher o melhor local para deixar seu dinheiro.

Por fim, gostaria de deixar duas dicas de sites interessantes:

Quer aprender mais sobre tesouro direto?

O tesouro direto é um programa do tesouro nacional em que você empresta dinheiro para o governo por determinado prazo em troca de juros, funcionando como um ativo de renda fixa (vale uma coluna inteira só sobre o assunto). É muito mais atrativo que a poupança, podendo funcionar como uma boa reserva de emergência, por exemplo.

O próprio site do tesouro tem tutoriais e simuladores interessantes sobre o investimento: http://www.tesouro.fazenda.gov.br/tesouro-direto

Quer aprender mais sobre o mercado de ações?

Recomendo o blog do Leitão em Ação! Quem escreve lá é o Eduardo Leitão, um investidor que atingiu a independência financeira através do mercado de ações com pouco mais de 30 anos de idade, e escreve suas experiências de forma honesta, sem ilusões.

Além de postar suas opiniões, existe uma modalidade de chat em que ele interagem com os leitores. Também há possibilidade de adquirir algum dos seus livros ou o seu curso sobre investimento e especulação no mercado de ações.

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