Como diferenciar fratura por estresse da tíbia de canelite?

Estas duas patologias relacionadas aos esportes apresentam características e sintomas semelhantes, e a sua diferenciação pode ser relativamente difícil.

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Estas duas patologias relacionadas aos esportes, fratura por estresse e tíbia de canelite, apresentam características e sintomas semelhantes, e a sua diferenciação pode ser relativamente difícil. Embora na maioria dos casos a clínica já direcione razoavelmente bem o diagnóstico, algumas vezes a diferenciação requererá exames de imagem.

Definição e fisiopatologia

A fratura por estresse é uma fratura por fadiga, ou seja: o turnover ósseo não consegue dar conta do remodelamento necessário a um osso sob cargas repetitivas de exercício. Ocorrem microfraturas que, se não tratadas a tempo, culminam em uma fratura completa.

A canelite, por outro lado, também é conhecida como estresse tibial medial. Deve-se a uma inflamação, igualmente por overuse, da musculatura que se insere na região posteromedial da tíbia – sóleo e flexor dos dedos – que são sobrecarregados por alguns fatores mecânicos, dentre eles a pronação exagerada durante a corrida (muito observada em pessoas com pés planos valgos).

Fatores de risco

As duas patologias apresentam os mesmos fatores de risco: aumento na carga de treino (intensidade, duração, velocidade), mudança no seu padrão, como, por exemplo, troca de superfície para corrida – o corredor troca as esteiras por asfalto, ou vice-versa -, troca de exercício ou até mesmo calçado. No entanto, há um fator de risco clássico para a fratura por estresse, que não ocorre na canelite: a tríade da mulher atleta, que consiste em alterações hormonais (normalmente, amenorreia), metabólicas (desnutrição relativa) e ósseas (osteopenia ou osteoporose).

Sintomas

A dor na fratura por estresse é identificada nos locais mais comuns de fratura: terço proximal ou distal. É uma dor progressiva, que se torna mais intensa a cada treino. Há dor à percussão e palpação ósseas.

A dor na canelite localiza-se principalmente no terço médio para distal da tíbia, na região posteromedial. Surda, melhora com repouso, piora com atividade, com dor à palpação, mas não à percussão. Pode ou não haver inchaço. A dor desaparece após o aquecimento, mas pode aparecer novamente ao seu final.

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Diagnóstico

Mesmo que a diferenciação clínica seja clara, é importante solicitar exames de imagem, uma vez que as patologias não são excludentes entre si. Dentre eles:

  • Radiografia: permite identificar os casos de fratura definida. Nos casos mais precoces de fratura por estresse, é difícil, porém possível, identificar uma área de remodelamento, com cortical espessada, indicando local de estresse, ou microfraturas. A identificação de um traço de fratura na face anterior e proximal da tíbia – a terrível linha negra – é um fator de mau prognóstico. Na canelite, pode se identificar espessamento cortical posteromedial e periosteal.
  • Ressonância nuclear magnética: principal para o diagnóstico da canelite, que apresentará edema periosteal e na inserção muscular; pode haver edema ósseo. Na fratura por estresse, por outro lado, haverá apenas o edema ósseo, podendo, ou não, ser observado o traço de fratura, de acordo com o estágio da doença em que se encontra.

Tratamento

Há algumas nuances no tratamento da fratura por estresse; entende-se que a maioria delas necessitará de osteossíntese, se ocorrer, porém em algumas com maior fator de risco (locais com mau prognóstico de consolidação), em estágios mais precoces, pode ser necessária também intervenção cirúrgica.

Invariavelmente, porém, o tratamento básico para ambas é o mesmo: interrupção dos treinos; correção dos fatores mecânicos; analgesia e anti-inflamatórios; imobilização; fisioterapia e reabilitação. Atletas de alta performance podem realizar cross-training, ou seja, trocar um exercício de impacto, por outro, de baixo impacto, como natação.

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