Hirsutismo: o que precisamos saber sobre diagnóstico e tratamento

O hirsutismo afeta 5% a 10% da população feminina. É caracterizado pelo crescimento anormal de pelos em áreas pouco comuns e androgênio dependentes como mento, tórax, abdome e dorso.

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O hirsutismo afeta 5% a 10% da população feminina. É caracterizado pelo crescimento anormal de pelos em áreas pouco comuns e androgênio dependentes como mento, tórax, abdome e dorso. Em 80% dos casos, está relacionado com um excesso de produção de hormônios masculinos (androgênios) pelos ovários e/ou glândulas suprarrenais, sendo a causa mais frequente deste aumento da produção de androgênios a síndrome do ovário policístico (SOP).

Outros mecanismos que podem estar envolvidos nas causas do hirsutismo são: resposta exagerada do folículo piloso a níveis normais de androgênios, de causa desconhecida (hereditária, na maior parte das vezes); ingestão de medicamentos que podem estimular o crescimento dos pelos (corticosteroides e anabolizantes, por exemplo) e, em casos raros, pode ser uma manifestação de uma doença mais grave como tumores (benignos ou malignos) dos ovários e das glândulas suprarrenais.

Revisão das diretrizes de 2008:

Recentemente, a Endocrine Society atualizou e publicou no Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism uma diretriz de 2008 para tratamento de mulheres com hirsutismo recomendando que todas as mulheres, na pré-menopausa, com hirsutismo devem ser investigadas para síndrome de ovário policístico (SOP) e outros problemas de saúde pressupostos.

Quais foram as alterações no diagnóstico do hirsutismo recomendadas?

  • Ampliou-se a recomendação já existente (para mulheres com hirsutismo moderado a grave) de medir a concentração total de testosterona no soro para todas as mulheres com hirsutismo.
  • Ampliou-se a recomendação para medir a concentração de testosterona livre e testosterona total pela manhã em um teste confiável em pacientes com testosterona total normal, mas com hirsutismo moderado a grave ou outras evidências clínicas de hiperandrogenismo (como alterações menstruais ou crescimento progressivo de pelos em áreas androgênio dependentes).
  • Mulheres levemente hirsutas, sem evidência de transtorno endócrino, devem ser tratadas inicialmente com terapia farmacológica (primeira escolha, contraceptivo oral) ou depilação.
  • A terapia farmacológica combinada, com contraceptivos orais e antiandrogênios, deve ser evitada como tratamento inicial, mas pode ser utilizada como a primeira opção terapêutica em mulheres com hirsutismo severo ou naquelas que usaram contraceptivo anteriormente sem melhora aparente.
  • Em mulheres com maior risco de tromboembolismo venoso, como mulheres obesas ou com idade superior a 39 anos, recomendam o uso de contraceptivos orais com baixas doses de estrogênio e progestágenos de baixo risco. Para outras mulheres, a abordagem é inalterada a partir da orientação original e a diretriz não favorece uma formulação contraceptiva oral em relação a outra para o tratamento de hirsutismo.
  • Sugerem o uso de eletrólise em vez de fotodepilação para mulheres com cabelos loiros ou brancos que desejam métodos diretos de depilação. Incluído orientação e possíveis complicações da fotodepilação em mulheres negras.
  • Sugerem a pesquisa de Hiperplasia Adrenal Congênita forma Não Clássica (HACNC) em mulheres com hiperandrogenismo através da dosagem de 17 OH progesterona.
  • Mulheres hirsutas com alto risco para Hiperplasia Adrenal Congênita (história familiar positiva ou pertencente a grupo étnico de alto risco) devem ser submetidas à triagem, mesmo que os níveis séricos de testosterona total e livre sejam normais.
  • Não recomendam a investigação de hiperandrogenismo em mulheres com ciclos normais e crescimento indesejável de pelos com pouca gravidade (sem critérios clínicos para hirsutismo).
  • Foi mantida e reforçada a recomendação de não usar flutamida para tratamento do hirsutismo, a não ser em casos específicos e mais graves.

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Hirsutismo e SOP:

Uma meta-análise de quatro estudos com 132 mulheres diagnosticadas com obesidade e SOP concluiu que o grupo de mulheres com mudanças de estilo de vida (dieta, exercícios físicos e terapia comportamental) resultou em perda de peso, diminuição dos níveis de testosterona, diminuição da concentração da insulina e uma pequena melhora do hirsutismo em comparação com o grupo controle.

Recomendações para mudanças de estilo de vida para mulheres com obesidade foram adicionadas também para o hirsutismo. Essas recomendações não devem ser consideradas como terapia primária, sendo mantidas as diretrizes clínicas para o diagnóstico e tratamento da SOP.

Diretrizes de tratamento passo a passo:

  • Terapia combinada de estrogênio e progesterona para a maioria das mulheres, com a possibilidade de adição de um medicamento antiandrogênico após 6 meses em mulheres com resposta sub ótima.
  • Sugerem uma prova de, pelo menos, 6 meses para todas as terapias farmacológicas no tratamento de hirsutismo antes de fazer alterações na dose, mudar para uma nova medicação ou adicionar uma medicação.
  • O uso de drogas que reduzem a insulina não foram recomendadas, bem como o uso de agonistas de hormônio liberador de gonadotrofina, exceto em mulheres com quadro grave de hiperandrogenismo que têm uma resposta sub ótima com contraceptivos orais e antiandrogênicos.

Apesar do hirsutismo, por si só, não oferecer riscos maiores à saúde da mulher, ele pode ser sinal de uma doença endocrinológica ou neoplásica mais grave e não deve ser desprezado. Além disso, essa condição clínica pode afetar substancialmente a autoestima e a vida social das mulheres acometidas.

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Referência:

  • EvaluationandTreatment of Hirsutism in PremenopausalWomen: An Endocrine Society Clinical PracticeGuideline, The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism, https://doi.org/10.1210/jc.2018-00241

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