Meu paciente comprou um aparelho de PA. O que faço?

Os aparelhos de medida da pressão arterial estão se difundindo no mercado. Com isso, o número de pacientes que possuem o dispositivo aumenta, e isso naturalmente se reflete na prática.

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Os aparelhos de medida da pressão arterial estão se difundindo no mercado, com custo e aquisição mais acessíveis. Com isso, o número de pacientes que possuem o dispositivo aumenta, e isso naturalmente se reflete na prática clínica.

Os aparelhos antigos, tradicionalmente utilizados por médicos, são os aneroides, cuja aferição da PA requer o uso do estetoscópio e treinamento na técnica. Por isso, não é encorajado a compra e uso por pessoas leigas. Por outro lado, os aparelhos oscilométricos são de fácil manuseio e utilização e foram desenhados para uso mesmo por pessoas que não são da área de saúde. Há hoje basicamente três tipos no mercado:

  • De punho: apresentam menor custo, porém a validação é inferior, de modo que não são o modelo preferencial.
  • De braço: automático e o semi-automático. Em ambos, é o próprio aparelho que faz a leitura. A diferença está no processo de insuflação e desinsuflação. No automático, basta apertar um botão que ele infla e esvazia sozinho. No semi-automático, é o examinador que deve inflar e esvaziar lentamente. É o aparelho com maior testagem e validação para uso clínico.

O problema no mundo real é que os pacientes têm feito a aferição da PA com técnica inadequada. Os erros mais comuns são:

– Manguito de tamanho inadequado. Na caixa vem apenas o manguito tradicional, para braços com diâmetro entre 24-32 cm. Para obesos, é necessário comprar o manguito maior, que nem sempre está à venda e encarece o custo.

– Braço e posição do corpo: é importante que o paciente esteja sentado, relaxado e com o braço apoiado na altura do coração.

– Só medir a PA quando estiver se “sentindo mal”: este é o cenário mais complicado. Ao medir a PA com dor de cabeça, mal estar ou “tonteira”, não há como saber se a PA está elevada apenas pelas circunstâncias do momento ou se estaria alta mesmo em outros horários.

– Uso de café ou cigarro antes da medida: ambos são fatores que devem ser evitados nos 30 min que antecedem a medida da PA. Repouso relativo, com atividade relaxante, também ajuda a evitar elevações transitórias da PA.

Veja também: ‘Os valores recomendados para controle da pressão arterial estão adequados?’

Medir a PA em casa e participar do tratamento ativamente é um comportamento desejável, pois o paciente motivado usualmente apresenta maior adesão ao tratamento (farmacológico ou não). É a chamada auto-medida da pressão arterial. Outras vantagens da medida domiciliar/ambulatorial da PA são:

  • Redução do efeito do jaleco branco.
  • Medidas na atividades usuais do paciente, podendo inclusive investigar hipertensão mascarada.
  • Maior número de medidas – este é um ponto central, pois a longo prazo é a média pressórica o parâmetro melhor correlacionado com risco de eventos cardiovasculares. Então, mais importante do que um pico de 180/100 durante uma enxaqueca, seriam medidas repetidas 160/90 no dia-a-dia.
  • Ajuste cronológico das doses. Se houver HAS noturna, aumenta-se a dose matinal. Se houver HAS matinal, aumenta-se a dose noturna

Mas como adequar essa participação ativa à medida fidedigna da PA? A resposta está em padronizar a técnica, através da Monitorização Residencial da Pressão Arterial. Oficialmente, este protocolo foi lançado com aparelhos automáticos que gravam as medidas e passam para uma planilha ou imprimem. Mas é plenamente possível adaptar para o paciente anotar as medidas e trazer para o médico. Apesar de haver mais de uma técnica, a mais difundida é:

1. Medir por 5 dias seguidos, de 2ª à 6ª feira.
2. Fazer três medidas de manhã e três à noite.
3. As medidas (manhã e noite) devem ser feitas antes da tomada dos medicamentos.
4. O intervalo entre as medidas é de 1 minuto.

A média deve ser calculada para período diurno (vigília) e noturno. Na MRPA, o alvo terapêutica é manter a PA média ≤ 130/90 mmHg.

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