Novo tratamento para enfisema grave heterogêneo é aprovado

No final de junho, a Food and Drug Administration (FDA) aprovou um novo dispositivo para tratamento de pacientes com enfisema grave.

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No final de junho, a Food and Drug Administration (FDA) aprovou um novo dispositivo para tratamento de pacientes com enfisema grave. Trata-se de uma válvula endobrônquica (Zephyr Valve®) inserida por broncoscópio flexível indicada para enfisematosos graves com importante limitação funcional.

Lembrando que, para estes pacientes, já havia as seguintes opções: o transplante pulmonar (uni ou bilateral) e a cirurgia redutora do volume pulmonar. Além de serem procedimentos de maior risco, o transplante depende de doador compatível, envolve o uso de imunossupressão e a fila de espera chega a levar mais de um ano. Para a redução pulmonar, existem vários critérios para elegibilidade e de exclusão que dificultam “achar” o paciente ideal.

Esse novo tratamento seria então uma opção mais viável para os pacientes. Mas como se faz o procedimento e qual é o “racional” do uso desse dispositivo?

Sabemos que um dos grandes problemas da fisiopatologia do enfisema é o prejuízo na dinâmica ventilatória por perda de elasticidade pulmonar e destruição alveolar com consequente hiperinsuflação pulmonar. A válvula é implantada de modo a bloquear a entrada de ar para áreas mais acometidas pelo enfisema, privilegiando regiões mais preservadas. Vale lembrar que ela é uma válvula unidirecional que permite a saída de ar e secreção, não permitindo a entrada. Assim, os lobos mais acometidos têm seu volume reduzido e permitem não só a melhor ventilação de lobos menos acometidos como também uma melhor dinâmica do diafragma.

Para a aprovação, a FDA revisou os dados do estudo LIBERATE, ensaio clínico randomizado (2:1) com cerca de 190 pacientes com enfisema grave, que comparou o tratamento padrão com o implante das válvulas endobrônquicas. O desfecho primário foi um aumento de 15% no volume expirado forçado em 1 segundo (VEF1) após um ano. Este foi alcançado em 47% dos pacientes tratados com o dispositivo e em 16,8% do grupo controle.

As complicações mais frequentes do procedimento foram: pneumotórax (26% dos pacientes nos primeiros 45 dias após o procedimento e 34,4% dos pacientes depois de um ano) e descompensação do DPOC. Importante ressaltar que é necessário um bom planejamento e seleção dos pacientes e local de inserção das válvulas, pois é preciso que não haja ventilação colateral para o lobo-alvo do procedimento. Há contra-indicação para: alérgicos (nitinol, níquel, titânio ou silicone), infecção pulmonar, ainda tabagistas e aqueles que não toleram a broncoscopia.

Agora é aguardar para ver a aplicabilidade desta nova técnica para os pacientes com enfisema avançado. Os resultados do LIBERATE sugerem uma equivalência em benefícios das válvulas com a cirurgia de redução pulmonar, mas com taxas de complicações muito menores.

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Referências:

  • “FDA approves novel device for treating breathing difficulty from severe emphysema” (29/06/2018);
    https://www.fda.gov/NewsEvents/Newsroom/PressAnnouncements/ucm612271.htm
  • Criner JG et al; A Multicenter RCT of Zephyr® Endobronchial Valve Treatment in Heterogeneous Emphysema (LIBERATE); Am J Respir Crit Care Med. 2018 May 22. doi: 10.1164/rccm.201803-0590OC. [Epub ahead of print]

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