Número de médicos tem aumento histórico, mas desigualdade e problemas na assistência permanecem – Demografia Médica 2018

O número de médicos no Brasil atingiu um patamar histórico em janeiro de 2018 com 452.801 médicos (razão de 2,18 médicos por 1.000 habitantes).

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O número de médicos no Brasil atingiu um patamar histórico em janeiro de 2018 com 452.801 médicos (razão de 2,18 médicos por 1.000 habitantes), um crescimento de 665,8% em menos de 50 anos. Apesar disso, a desigualdade na distribuição de profissionais pelas regiões do país e os problemas na assistência ao doente não sofreram redução.

Os dados são da pesquisa Demografia Médica 2018, realizada pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), com o apoio institucional do Conselho Federal de Medicina (CFM) e do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp).

Em 2012, o Ministério da Educação anunciou a ampliação de 2.415 vagas em cursos de Medicina, com a justificativa de alcançar uma taxa de 2,5 médicos por 1.000 habitantes, estabelecida como “ideal” pelo Governo Federal. No entanto, esse aumento não foi acompanhado por uma política de distribuição de médicos, garantia de qualidade de ensino e ampliação de vagas de Residência Médica. O resultado disso é o cenário que vemos atualmente: super concentração de médicos nas grandes cidades e no litoral (principalmente nas áreas mais desenvolvidas) e nos serviços particulares.

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Concentração de médicos pelas regiões do Brasil

De acordo com os dados da Demografia Médica 2018, a distribuição de médicos por 1.000 habitantes pelas regiões do país é:

Médico / Habitante
Sul 2,31
Sudeste 2,81
Centro-oeste 2,36
Norte 1,16
Nordeste 1,41

No Sudeste, onde moram 41,9% dos brasileiros, estão 54,1% dos médicos. Em contraste, no Norte moram 8,6% da população, que são atendidos por 4,6% dos médicos do país.

O Distrito Federal tem a razão mais alta, com 4,35 médicos por 1.000 habitantes. O Rio de Janeiro tem uma razão de 3,55, seguido por São Paulo com 2,81, Espírito Santo com 2,40 e Minas Gerais com 2,30. Maranhão e Pará seguem em último com 0,87 e 0,97, respectivamente.

Entre os motivos apontados pelo estudo para essa diferença estão:

  • Ausência de um plano de carreira com previsão de mobilidade
  • Falta de acesso a programas de educação continuada
  • Inexistência de condições de trabalho e de atendimento, com impacto negativo em diagnósticos e tratamentos
  • Precariedade dos vínculos empregatícios

Projeção para 2020

Segundo o CFM e o Cremesp, a meta do Governo Federal de atingir uma razão de 2,5 médicos por 1.000 habitantes é “mera abstração, desprovida de fundamento científico”. As entidades advertem que ampliar as vagas de Medicina, sem regras e metas de fixação e valorização dos médicos, de mais recursos públicos para a saúde e de garantia da qualidade do ensino médico não só acentuará as desigualdades, como também aumentará o número de profissionais sem qualidade e favorecerá o setor privado e os planos de saúde em detrimento do SUS.

A Concentração de Médicos no Brasil em 2020, projeção feita pelo CFM e pelo Cremesp que compõe a Demografia Médica 2018, indica que em 2020 o Brasil atingirá a razão de 2,20 médicos por 1.000 habitantes, com 455.892 profissionais para 207.143.243 habitantes, mesmo sem abrir novas escolas de Medicina. Tudo isso, sem reduzir a desigualdade na distribuição desses profissionais, agravando ainda mais o cenário.

Educação médica: métodos de ensino precisam mudar?

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