Slow Medicine: uma solução para o burnout?

A prática da medicina vem se caracterizando cada vez mais pela falta de tempo e urgência, mas uma nova filosofia vem crescendo. Já ouviu falar da Slow Medicine?

A prática da medicina vem se caracterizando cada vez mais pela falta de tempo e urgência, levando os médicos e pacientes a uma exaustão e, às vezes, até uma falta de confiabilidade. Mas uma nova filosofia, que vem crescendo no meio, pode ser a solução para muitas pessoas: a Slow Medicine. Esse método tem como objetivo dar mais atenção ao paciente e ter tempo para uma boa abordagem. Você já ouviu falar?

500x120-medicamentos

Essa filosofia, como explica o portal Slow Medicine, vai contra todas as características da medicina rápida, que não tem tempo para escutar nem para um exame físico eficiente, e onde o paciente e o médico muitas vezes nunca se viram. Essa pressa, pressão e exaustão são algumas das questões que contribuem para o burnout, que é uma síndrome caracterizada pelo esgotamento profissional e afeta mais os médicos que outras pessoas. O problema não se resume à insatisfação pessoal, como atinge também a família, os amigos e os atendidos por esses médicos, e a Slow Medicine pode ser uma solução.

Escutar, perguntar e conhecer o outro, de forma respeitosa e cuidadosa, e entender melhor o que ele está sentindo, para que possa ser feito um diagnóstico mais preciso, evitando exames complementares desnecessários e estabelecendo uma melhor relação entre o médico e o paciente: são esses os princípios. Mas não é diferente do aprendido na faculdade.

Veja também: ‘Não deixe o burnout derrubar você’

Quando o estudante começa a entrar em contato com os pacientes, na universidade, ele aprende a analisar minuciosamente as informações que a pessoa lhe dá e pergunta seu histórico, quais medicamentos faz uso, sobre cirurgias que já fez na vida e outras doenças que já teve, e ainda os hábitos comuns e os antecedentes de seus familiares. Depois, vai para o exame físico, e, com todas as informações colhidas monta uma hipótese diagnóstica. A partir disso, solicita os exames necessários para confirmar ou não o diagnóstico. Solicita avaliações de especialistas, ou prescreve medicamentos, ou lhe esclarece sobre as dores ou problemas que vem tendo. Em seguida vem o acompanhamento, avaliação dos resultados dos exames e da terapêutica prescrita.

A abordagem Slow Medicine não sugere nada além disso, só diz que cada um desses passos devem ser tomados, sem pular nada, sempre com calma, dando atenção e fazendo com que a conclusão possa ser a mais exata o possível. A ideia é resgatar a essência da arte de cuidar, lembrando aos médicos o real motivo da profissão.

Acerca da tecnologia, o objetivo é usá-la de forma mais racional e apropriada, porque, com uma melhor abordagem, não é necessário pedir diversos exames para comprovar o diagnóstico hipotético. Além disso, sempre conversar com os pacientes para respeitar os valores individuais deles. Isso contribui ainda para um custo menor na assistência à saúde.

Veja mais: ‘Pesquisa PEBmed: o desequilíbrio na vida pessoal e profissional do médico’

O método enfatiza ainda que a atenção à saúde é multidisciplinar, por isso enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos, dentistas, terapeutas ocupacionais, nutricionistas, fonoaudiólogos, assistentes sociais, entre outros, também são fundamentais no cuidado, e por isso, na prática Slow.

A ideia da Slow Medicine foi publicada pelo Doutor Alberto Dolara (artigo ‘Invitation to a Slow Medicine‘), e, segundo ele, entre os campos e áreas que podem se beneficiar dessa abordagem destacam-se a medicina preventiva e as estratégias de rastreamento.

As melhores condutas médicas você encontra no Whitebook. Baixe o aplicativo #1 dos médicos brasileiros. Clique aqui!

250x250-portal

Referências:

  • Invitation to a “Slow Medicine” , Dr. Alberto Dolara Italian Heart Journal: Supplement. Official Journal of the Italian Federation of Cardiologists 3.1 (2002): 100-101.
  • Kurt Kloetzel, Princípios da Medicina Ambulatorial, EPU, 1999.
  • J. Ladd Bauer, M.D. The Journal os Alternative and Complementary Medicine. Volume 14, Number 8, 2008, pp. 891–892 Editorial Slow Medicine.
  • Howard Brody MD, PhD Interview by Tricia C Elliott MD, FAAFP Choosing Wisely: Reclaiming the Practice of  Medicine—Part 4
  • Slow Medicine: A Conversation With J.Ladd Bauer Md (Ann Armbrecht blog)

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo

Selecione o motivo:
Errado
Incompleto
Desatualizado
Confuso
Outros

Sucesso!

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo.

Você avaliou esse artigo

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Baixe o Whitebook Tenha o melhor suporte
na sua tomada de decisão.