Suplementação de Ômega 3 na síndrome do olho seco: o que temos de novo?

Muitos pacientes se queixam de sintomas relacionados à síndrome de olho seco, sendo esta uma condição crônica comum que leva a desconforto ocular e piora da qualidade de vida.

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Muitos pacientes se queixam de sintomas relacionados à síndrome de olho seco, sendo esta uma condição crônica comum que leva a desconforto ocular e piora da qualidade de vida. São diversas as possibilidades de tratamento, de acordo com o grau de severidade da síndrome, variando desde o uso de lubrificantes tópicos oculares até o de ciclosporina tópica, plugs lacrimais e uso de suplementação com Ômega 3, que teria atividade anti-inflamatória. O uso do suplemento porém, segundo a Academia Americana de Oftalmologia, “poderia ser benéfico apesar da evidência ser insuficiente ainda para estabelecer real efetividade”.

Um estudo multicêntrico duplo cego publicado no New England Journal of Medicine em abril de 2018 (estudo DREAM – The Dry Eye Assessment and Management Trial) suplementou 3000mg por dia de Ômega 3 em 349 pacientes, enquanto o grupo controle de 186 pacientes recebeu um placebo. Os pacientes foram avaliados pelo índice OSDI (Ocular Surface Disease Index), onde escores mais altos indicam melhora de sintomas, aos 6 e 12 meses de tratamento. Além disso, foi avaliado também alterações no escore de coloração conjuntival (variando de 0-6) e de coloração corneana (variando de 0-15), com escores mais altos indicando maior dano à superfície ocular. O tempo de ruptura do filme lacrimal (BUT – Break-up time) e o teste de Schirmer também foram avaliados, sendo os menores valores associados à maior gravidade dos sinais.

A alteração da média no escore OSDI não foi significativamente diferente entre o grupo suplementado e o placebo. Não houve diferença também em relação à coloração da conjuntiva, córnea, ruptura do filme lacrimal e teste de Schirmer. Nesse estudo, portanto, não houve melhora significativa nos parâmetros medidos após o uso de Ômega 3.

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A diferença desse trial para outros é principalmente que foi permitido que os pacientes continuassem com seus tratamentos usuais para síndrome de olho seco, o que não ocorreu nos demais estudos. Além disso, a dose utilizada foi a maior já usada nos estudos clínicos realizados. A comparação entre esse e outros estudos é difícil por causa da diferença nos critérios de elegibilidade, na dose, no conteúdo do placebo, na duração da suplementação, no uso de outros tratamentos para olho seco e diferença na dieta dos pacientes (vários estudos foram conduzidos na Índia, onde a dieta é bastante diferente).

Os estudos anteriores envolveram menos de 125 pacientes no total e a grande maioria mostrou melhoria nos sintomas ou, pelo menos, um dos sintomas no grupo suplementado maior que no placebo. Em alguns estudos, o critério de elegibilidade era de ter pelo menos 312 mOsm por mm em, pelo menos, um olho e disfunção de glândula de meibomius leve em ambos os olhos. Outros incluíram pacientes com rosácea ou com resultados do Schirmer menor que 5mm em 5 minutos.

No estudo DREAM, entre pacientes com olho seco moderado a grave apesar do uso de outros tratamentos, randomicamente selecionados para receber ômega 3 ou placebo, houve melhora nos critérios utilizados em ambos os grupos, sem diferença estatisticamente significativa entre eles.

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Referências:

  • n−3 Fatty Acid Supplementation for the Treatment of Dry Eye Disease. May 3, 2018. N Engl J Med 2018; 378:1681-1690. DOI: 10.1056/NEJMoa1709691

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