Transtorno Neurocognitivo Maior, já ouviu falar?

Apesar da melhora do controle dos fatores de risco e mudanças do estilo de vida, ainda assim o número absoluto de casos de demência deve crescer e muito com o rápido envelhecimento da população brasileira.

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Apesar da melhora do controle dos fatores de risco e mudanças do estilo de vida que ajudam na diminuição da prevalência da demência na população (como inclusive já tem ocorrido em alguns países da Europa), ainda assim o número absoluto de casos da doença deve crescer e muito com o rápido envelhecimento da população brasileira. Segundo dados de 2010 do IBGE, 10% da população brasileira têm idade igual ou superior a 60 anos. E como o declínio dos domínios cognitivos são observados mais comumente a partir dos 65 anos se faz imperativo que os médicos ligados a essa parcela da população estejam atentos às pesquisas recentes sobre a diferenciação da diminuição natural da reserva cognitiva para o comprometimento patológico das funções cognitivas.

A demência, todos sabemos, é uma síndrome clínica que cursa com deterioração do funcionamento dos domínios cognitivos, alterando desta maneira seu comportamento e levando a graves prejuízos funcionais. Mas também sabemos que uma parte da população sofre uma diminuição natural do funcionamento cognitivo com o passar da idade e então surge a dúvida: de que quadro estamos diante quando um paciente idoso se queixa principalmente da memória recente?

A Associação de Psiquiatria Americana promoveu mudanças nos critérios de demência e transtornos cognitivos no DSM-5 e uma delas refere-se à nomenclatura. A então denominação “demência” foi substituída por “transtorno neurocognitivo maior” e os casos mais leves de prejuízo cognitivo sem interferência funcional, antes diagnosticados como “comprometimento cognitivo leve”, receberam a denominação de “transtorno neurocognitivo leve“, ficando a utilização do termo demência restrita aos transtornos neurocognitivos devido ao processo neurodegenerativo.

4 dicas para prevenção da demência

O primeiro passo para o manejo desta queixa é uma anamnese minuciosa indagando o declínio cognitivo em relação ao nível de desempenho anterior, reforçado pelo relato do próprio indivíduo e de, pelo menos, um informante ou pela observação clínica, incluindo entre os critérios investigados as alterações comportamentais e de personalidade e a cognição social. O objetivo de uma avaliação completa é não apenas realizar um diagnóstico diferencial adequado, como também descartar causas reversíveis de declínio cognitivo.

Segue para tanto um breve resumo em tópicos daquilo que deve ser considerado na avaliação do paciente com suspeita de transtorno neurocognitivo:

  • Deve ter início por uma anamnese adequada e detalhada, de preferência com a presença de um informante com conhecimento sobre o paciente;
  • Um exame físico e neurológico minucioso;
  • Deve-se atentar para início dos sintomas, evolução da condição;
  • Observar a interferência das comorbidades;
  • Medicações em uso, incluindo as substâncias psicoativas;
  • E outros sintomas comportamentais e psicológicos associados.

Os exames complementares necessários em um paciente com suspeita diagnóstica são:

– Hemograma completo, creatinina, hormônio tireoestimulante, albumina, enzimas hepáticas, vitamina B12, ácido fólico, cálcio, reações sorológicas para sífilis e, em pacientes com idade inferior a 60 anos, com apresentações clínicas atípicas ou com sintomas sugestivos, sorologia para HIV.
– Um exame de neuroimagem, de preferência ressonância magnética, também deve ser solicitado;
– O DSM-5 ainda salienta a importância de que o desempenho cognitivo seja documentado por teste neuropsicológico padronizada para população brasileira segundo idade e escolaridade;
– E em alguns casos, com sintomatologia atípica, se faz necessário a coleta de líquido cefalorraquidiano e a realização de um eletroencefalograma.

Tabela 1 – Critérios para o diagnóstico de demência segundo o DSM-IV e transtorno neurocognitivo maior segundo o DSM-5
DSM-IV

Déficits cognitivos múltiplos:

· Comprometimento de memória de fixação e evocação;

Um ou mais das seguintes:

· Afasia;

· Apraxia;

· Agnosia;

· Prejuízo de funções executivas.

Interfere no funcionamento social e ocupacional.

DSM-5

Prejuízo em uma ou mais das seguintes áreas:

· Atenção;

· Funcionamento executivo;

· Aprendizado e memória;

· Linguagem;

· Percepção motora;

· Cognição social.

Interfere no funcionamento social e ocupacional.

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Referências:

  • DE PAULA PESSOA, Rebeca Mendes et al. Da Demência ao Transtorno Neurocognitivo Maior: Aspectos Atuais/From Dementia to Major Neurocognitive Disorder: Current Aspects. REVISTA CIÊNCIAS EM SAÚDE, v. 6, n. 4, p. 5-17, 2016.

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