Uma boa dieta para prevenir demência?

Dietas para prevenir demência ou declínio cognitivo são, em geral, seguras para o paciente e mais fáceis de implementar do que outras intervenções.

Dietas para prevenir demência ou declínio cognitivo são, em geral, seguras para o paciente e mais fáceis de implementar do que outras intervenções, como, por exemplo, exercício. Mas as evidências que suportam esta hipótese variam muito.

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Uma das dietas com mais estudos positivos é a mediterrânea, rica em grãos, legumes, frutas, batatas, nozes, sementes, legumes, peixe e azeite; e pobre em carne vermelha, aves, laticínios e álcool.

A abordagem da dieta para hipertensão é semelhante. A DASH (Dietary Approach to Stop Hypertension) consiste em aumentar vegetais, legumes, frutas, fibras, grãos integrais (inclui castanhas) e peixes; e reduzir laticínios, carne vermelha e gordura saturada.

A dieta Mediterrânea-DASH (MIND) para retardar a degeneração neurológica incorpora elementos de ambas os regimes, mas coloca mais ênfase em frutas, nozes e feijão.

Uma meta-análise de estudos prospectivos de coorte mostrou que pessoas que aderem a uma dieta mediterrânea têm taxas menores de Alzheimer e Parkinson. Da mesma forma, pessoas que seguiram a dieta MIND apresentaram menor declínio na memória, velocidade perceptiva e organização perceptual em follow-up de 4,7 anos. Além disso, os participantes tinham menor probabilidade de desenvolver Alzheimer em follow-up de 4,5 anos.

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No estudo PREDIMED, participantes com idade entre 55 e 80 anos com alto risco de doença cardiovascular foram aleatoriamente designados para uma das três dietas: mediterrânea com azeite de oliva extra-virgem suplementar; mediterrânea com nozes mistas suplementar; ou dieta regular com ênfase na redução de gordura. Houve uma redução no índice de infarto do miocárdio, AVC e morte por causas cardiovasculares com as dietas do Mediterrâneo.

Em um estudo de curta duração, participantes que foram randomizados para uma dieta DASH tiveram melhor velocidade psicomotora no follow-up de 4 meses.

A dieta também pode ser eficaz quando faz parte de uma intervenção multicomponente. No estudo FINGER, 1.260 participantes com fatores de risco cardiovascular para a demência e desempenho cognitivo na média ou ligeiramente abaixo do esperado para a idade foram aleatoriamente designados para uma intervenção multicomponente (dieta, exercício, formação cognitiva e monitoramento de risco vascular) ou conselhos de saúde (grupo de controle).

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A dieta incluía frutas e legumes, produtos de cereais integrais, leite desnatado, produtos com baixo teor de açúcar, margarina ao invés de manteiga e, pelo menos, duas porções de peixe por semana. O resultado primário foi a mudança no desempenho em uma bateria de testes neuropsicológicos. Durante o período de acompanhamento de 24 meses, o resultado dos testes foi 25% maior no grupo de intervenção do que no de controle; e o funcionamento executivo e velocidade de processamento foram melhores no grupo de intervenção. No entanto, a memória não foi melhor no grupo de intervenção.

Essas evidências sugerem, mas não concluem, o benefício de uma dieta saudável na cognição e demência. Juntamente com outros relacionados com a hipertensão e as doenças cardiovasculares, os médicos podem considerar recomendar essas dietas para pessoas mais velhas com quadro clínico apropriado.

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Referências:

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