Uveítes: uma abordagem simplificada

O termo uveítes se refere a diversas entidades oculares diferentes, todas caracterizadas pela presença de inflamação intraocular. Veja mais aqui!

O termo uveíte se refere a diversas entidades oculares diferentes, todas caracterizadas pela presença de inflamação intraocular. A uveíte não é confinada à úvea, incluindo em alguns casos retina, vasos retinianos e outras estruturas.

uveite

Uveíte por BK – Dr. Mauricio Pereira – Hospital Universitário Antônio Pedro

Uveítes

As uveítes têm uma prevalência em média de 200 para cada 100 mil pessoas. Apesar disso, estão entre a quinta e sexta posição das causas de cegueira nos EUA, contribuindo com 10% dos casos de cegueira. Uma grande parte das uveítes mais graves são doenças crônicas, necessitando de tratamento longo e em alguns casos imunossupressores. O fato de ocorrer em qualquer idade, incluindo em crianças, faz com que tenha um grande potencial de perda visual se comparada com doenças que se iniciam somente em adultos e idosos.

Classificação

A uveíte é classificada de acordo com diversas dimensões. A classificação anatômica do sítio primário é dividida em anterior, intermediária, posterior e panuveíte. Além dessa, pode ser classificada em infecciosa (confinada ou não ao olho) e não infecciosa. E a terceira seria sobre a presença ou não de um doença sistêmica associada, como sarcoidose, doença de Behçet ou espondilite anquilosante.

Esta inflamação está associada a uma grande variedade de complicações como catarata, glaucoma, edema macular, membrana epirretiniana, neovascularização retiniana e coroidal, que podem também levar a deficiência visual.

A prevalência dos tipos de uveítes pode variar de acordo com diversos fatores. Um estudo da UCLA mostrou que oftalmologistas que atendem em seus consultórios atendem uma proporção muito maior de uveíte anterior, enquanto nas universidades ocorre uma porcentagem maior de uveítes graves incluindo as uveítes posteriores e pan uveítes.

Mais da autora: Como tratar a conjuntivite neonatal por clamídia?

Como podemos colher uma história direcionada para esse diagnóstico?

Perguntar sobre sintomas como hiperemia ocular, dor ocular, fotofobia, lacrimejamento, distúrbios visuais, escotoma e floaters. O paciente deve ser questionado sobre o início dos sintomas (se súbito ou insidioso), o curso (agudo, recorrente ou crônico), a lateralidade (uni ou bilateral), se já fez algum tratamento anterior e a resposta ao tratamento e se tem alguma doença sistêmica associada.

Quais sinais podem ocorrer no diagnóstico de uveíte?

  • Precipitados ceráticos;
  • Células na câmara anterior (reação de câmara);
  • Hipópio;
  • Nódulos de íris;
  • Sinéquia posterior;
  • Sinéquia anterior;
  • Hipotonia;
  • Glaucoma secundário;
  • Células no vítreo;
  • Snow banking (depósito fibroglial sobre a pars plana e retina periférica);
  • Vasculite retiniana;
  • Retinite;
  • Coroidite;
  • Retinocoroidite;
  • Corioretinite;
  • Neurite.

Etiologia

Em relação a etiologia, pode ser idiopática em 30-60% dos casos. Em relação as diversas causas possíveis temos:

1. Secundárias a doenças sistêmicas:

  • Artrites soronegativos: espondilite anquilosante, síndrome de Reiter, artrite psoriática, doença de Behçet e AIJ;
  • Gastrointestinais: colite ulcerativa, doença de Crohn e doença de Whipple;
  • Respiratória: sarcoidose e tuberculose pulmonar.

2. Causas infecciosas:

  • Virais: herpes zoster, simples, citomegalovírus, sarampo e influenza;
  • Fúngicas: histoplasmose ocular presumida, candidíase, coccidioidomicose;
  • Parasíticas: toxoplasmose, toxocaríase, Pneumocystis carinii e oncocercose.

3. Outras causas:

  • Induzidas por lente intraocular: endoftalmite facoanafilática, facotóxica;
  • Traumática: pós-cirúrgica ou não cirúrgica;
  • Tóxica: química, induzida por drogas (rifabutina).

Precisamos sempre lembrar que algumas condições podem ser confundidas com a uveíte anterior como a conjuntivite, a episclerite/esclerite e o glaucoma agudo de ângulo fechado. Precisamos estar atentos se o paciente se encontra com um quadro de inflamação intraocular e qual parte da úvea está envolvida.

Depois de comparar as características clínicas com entidades conhecidas podemos formular uma lista de etiologias possíveis e instituir as investigações relevantes para essas possibilidades.

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Referências:

  • Douglas A. Jabs. Epidemiology of Uveitis. Ophthalmic Epidemiology, 2008.
  • Kelkar AS, Arora ER, B.Sowkath, Biswas JUveitis: Classification, Etiologies and Clinical Signs. DJO 2016.
  • Jack J. Kanski. Clinical Ophthalmology. Seventh Edition. Elsevier.

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